O HubsLisbon Azambuja tem no centro da sua missão, um conjunto de valores e princípios estruturantes e inalienáveis. A Paridade é um deles. No âmbito do Dia da Mulher que se aproxima, resolvemos ao longo destas semanas, destacar as visões e reflexões de algumas das mulheres do nosso Concelho. Começamos pelo Futuro, com a Cátia Mateus, de 22 anos e licenciada em Dietética e Nutrição. Cátia foi vencedora do Concurso Nacional ‘’Rainha das Vindimas´´, enquanto concorrente de Vila Nova da Rainha, freguesia que a recebeu há cerca de 6 anos. Para a jovem ‘’a mulher é um símbolo de resiliência, pronta para qualquer desafio, numa sociedade cada vez mais crítica". Apesar disso, Cátia sente que as coisas tendem a evoluir de modo positivo. Conte-nos um pouco sobre a sua chegada a Vila Nova da Rainha e como aconteceu a sua participação no concurso ‘’Rainha das Vindimas’’? Eu cresci e vivi na Povoa de Santa Iria e mudei-me para Vila Nova da Rainha há cerca de 6 anos. O concurso surgiu como uma oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a vila para onde me mudei. Sentia que não conhecia bem Vila Nova da Rainha e acabou também por ser uma oportunidade de me integrar. Nunca fui uma pessoa com grande autoconfiança e achei que o concurso poderia ajudar nesse sentido. Quis também fazer algo diferente e memorável. Como caracteriza o concurso e qual o impacto que isso poderá ter nas jovens de hoje? Acho que este concurso é um pouco diferente, não se foca tanto na beleza, foca-se muito em empoderar as jovens do concelho e dar-lhes uma voz. Eu não acho que tenha sido a candidata mais bonita. Consegui chegar longe porque me foi dada a oportunidade de me poder expressar e demonstrar a paixão que desenvolvi pela freguesia de Vila Nova da Rainha. A minha maneira de ser levou-me a ir mais longe. É um concurso que nos empodera e acho que nós crescemos muito. De um modo geral, acho que eu e as outras participantes aproveitámos a experiência ao máximo, conhecemos sítios do nosso país que se calhar não teríamos a oportunidade de conhecer se não fosse esta experiência. É engraçado que eu, num dos projetos, falei com vários vitivinicultores e reparei que havia muitas mulheres que eram enólogas, que geriam negócios, por exemplo, em Vale do Paraíso, o Casal da Fonte. Há muitas mulheres que já estão envolvidos na área da vitivinicultura. Estamos a aproximar-nos do Dia da Mulher. O que simboliza para ti a Mulher de hoje em dia? Eu acho que a mulher é um símbolo de resiliência porque sempre foi e continua a ser cada vez mais capaz de muita coisa. Além disso, sinto que a mulher é constantemente julgada por todos os lados: na sua vida profissional, familiar, pessoal, na sua aparência. Temos o exemplo do mundo das celebridades, das cirurgias plásticas etc. Com os homens a realidade não é tanto esta. As mulheres às vezes até são mais críticas com as outras mulheres do que com os homens. Mas também somos um pouco ensinadas assim desde crianças. Outro exemplo, num casal, uma mulher bem-sucedida ou que ganhe mais, o homem tende a sentir-se diminuído e não deveria ser assim. No entanto, creio que isto está felizmente a mudar. Gostava que as mulheres tivessem tantas oportunidades como os homens Dou-lhe o exemplo da minha área, a Nutrição, uma área mais dominada por mulheres, há muito poucos homens. Só que quanto à nutrição no desporto, por exemplo, quem está à frente são homens, como é o caso dos grandes clubes de futebol. E quando falamos de futebol, também não falamos muito de equipas femininas de futebol, o feminino é sempre deixado um pouco de lado. Para uma área tão dominada por mulheres, como há tantos homens na parte da nutrição no desporto. Na política, também não se vê grande representação de mulheres, será que não há incentivos para as mulheres subirem também na política? Acho que a tendência é melhorar, cada vez é mais assim. As próximas gerações de pais são as dos jovens de agora e acho que estamos mais sensibilizados para certos temas. E isso vai influenciar bastante a forma como vamos criar os nossos filhos. Eu espero que mais daqui para a frente, o preconceito seja menor e que se comece a ver mulheres em cargos de poder e de liderança. Mudando um pouco de assunto, quais as expetativas para o concelho ou o que gostaria de ver desenvolvido no concelho na próxima década? Acho que devia haver uma nutricionista a trabalhar com as freguesias ou com a câmara. Acho que isso é importante, há camaras que já o fazem. Devia haver mais intervenção nas escolas e uma maior informação sobre o que é uma boa alimentação. A forma como as crianças olham para a alimentação deve ser orientada de forma a manter ou alterar hábitos alimentares. Os nutricionistas não devem ensinar as pessoas o que elas devem comer, mas ensinar como devem fazer as suas escolhas, porque nunca ninguém consegue acompanhar uma pessoa até ao final da vida. Temos de dar as ferramentas necessárias. Daí ser importante ter a visão do nutricionista. Além disso, acho que também se deveria investir mais no desporto. Temos um pavilhão sim e sinto que já houve algum investimento, não sei como é no restante Concelho. Sinto que faltam as atividades que juntem a comunidade principalmente agora no pós-covid em que estamos abatidos com os isolamentos. Claro que as festas da vila são ótimas, mas devia haver mais iniciativas da parte das freguesias e das camaras que promovam também outro tipo de convívio. Por exemplo, um espaço recreativo onde as pessoas possam ir, num sentido mais artístico. Um lugar onde possam aprender a desenhar ou onde possam conviver, um clube, algo mais centrado nesta parte do convívio. É necessário esse estímulo para as crianças, jovens e para nós, adultos. Temos um grupo de escuteiros, mas não é realmente um espaço para os jovens. Sem ser isso, não existe nada do tipo aqui na freguesia. Esses eventos ou outros eventos mais desportivos e peddy-papers obrigam as pessoas a mexerem-se, a conhecerem o Concelho e a envolverem-se, uma vez que as pessoas poderiam ir a sítios que passavam a conhecer e a gostar. Esse tipo de espaço poderia incluir um pouco de tudo: voluntariado, arte, música, partilha de ideias, podendo as pessoas até a vir a trabalhar umas com as outras. Acho que isto seria uma mais-valia. Em vez de contratarmos pessoas de fora, por que não fazermos vendas nessa área recreativa ou contratarmos músicos de cá para eventos? As decisões devem ser feitas a pensar no amanhã, não podemos só pensar no agora. Mais vale estimularmos dentro do Concelho e investir agora para no futuro colher. (continua)
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