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Entrevista com Alice e Joana - "O Último Verão"

Quem são a Alice e a Joana? Alice: Eu tenho 24 anos, sou natural de Lisboa e trabalho na Produtora Wonder Maria Filmes como Coordenadora de Produção desde Abril de 2023. Em 2021 licenciei-me em Cinema e Artes dos Media na Universidade Lusófona, onde descobri a minha vontade de fazer Produção na área do Cinema e Televisão. Comecei por estagiar na produtora Take it Easy film como 3a Assistente de Realização nos primeiros 3 episódios da série Lusitânia que irá estrear em breve na RTP. Posteriormente desempenhei a função de Assistente de Produção nos três últimos episódios desta série de fantasia. Ao longo dos últimos dois anos tenho vindo a colaborar como freelancer em diversas curtas-metragens e videoclipes o que me permitiu não só trabalhar na área artística que me fascina como aprender com colegas do mesmo ramo. Joana: Estudei Comunicação no Porto, cidade onde moro e sou Freelancer de Produção Audiovisual. Sempre trabalhei em produção mas não exclusivamente em cinema - também já passei pelo mundo da música e da ficção televisiva. O cinema, porém, é a minha área de excelência e onde me sinto mais desafiada e realizada, especialmente quando tenho a oportunidade de ir para fora dos grandes centros urbanos. Encaro a produção como uma forma de apoiar pessoas verdadeiramente talentosas a conseguirem as melhores condições possíveis para fazerem a sua arte, e considero que este departamento é a espinha dorsal de qualquer projeto. De momento, sou Chefe de Produção no projeto “O Último Verão” com a produtora Wonder Maria Filmes, o que significa que até Outubro é com estas pessoas que vou passar todos os meus dias e a minha casa será, por um breve momento no tempo, a Lezíria Ribatejana. Como descobriram Azambuja? O filme “O Último Verão” que estamos a preparar será filmado no Vale da Pedra e a equipa técnica e atores estarão descolados de Lisboa, essencialmente a viver na região ribatejana durante várias semanas enquanto o filme é rodado. Assim como já é prática na indústria, quando filmamos em locais distantes da nossa base em Lisboa ficamos a pernoitar perto do sítio onde estamos a trabalhar. A Azambuja para além de ter pessoas verdadeiramente maravilhosas que nos receberam de braços abertos nas nossas várias visitas durante os últimos meses, tem um leque diversificado de alojamentos e restaurantes assim como todos os outros serviços indispensáveis a qualquer trabalhador que se encontre longe de casa. Foi assim, após uma pesquisa que começou pela internet e terminou no terreno, que encontramos este bonito município. Quem foi ou foram as referências para estarem sediados em Azambuja? As principais referências que nos levam a estarmos sediados na Azambuja foram as pessoas. A começar por aquelas que possuem alojamentos locais a quem apresentamos o nosso projeto e a necessidade de alojar a nossa equipa, a Inês Louro com a sua bela Casa da Rainha e a D. Rita Vieira com a sua Residencial Flor da Primavera com quem já tivemos o prazer de partilhar histórias durante o desenvolvimento desta colaboração, assim como várias outras pessoas que nos ajudaram durante este processo. Mais do que qualquer outra pessoa, o Rui Pedro Pinto, que após ter visto um cartaz de Casting local deixado no Tasco da Ilda, tomou iniciativa de estabelecer contacto connosco e oferecer o apoio da Câmara Municipal de Azambuja. Chegámos e fomos recebidas de portas abertas nascendo assim uma colaboração que naturalmente terá forte influência na concretização deste projeto. O que nos podem dizer acerca deste projeto? "O ÚLTIMO VERÃO" é sobre uma família que possui uma propriedade no campo e pretende vendê-la durante o verão. A história é contada através dos olhos de três mulheres que cresceram na propriedade e são obrigadas a enfrentar os seus medos e traumas durante o processo de venda. Durante este verão abrasador, um incêndio consome toda a região e a família fica presa na casa, sem água e sem saída. É um filme sobre especulação imobiliária durante o fim do mundo como o conhecemos. O filme explora temas de extrema relevância tendo em conta o que estamos a viver atualmente em Portugal e no mundo e mergulha em questões com as quais todos nós nos podemos identificar, como as relações humanas, a hierarquia no local de trabalho e as mudanças indesejadas, mas inevitáveis, nas nossas vidas. Quem são as protagonistas? O filme é protagonizado por três mulheres, Francisca e Catarina, duas irmãs herdeiras de uma grande Herdade e a filha da Caseira, Susana. Francisca, protagonizada pela atriz Margarida Marinho, vive na Herdade durante todo o ano, é ceramista, tem um filho com quem mantém pouco contacto e não quer de modo algum vender aquela Herdade onde todos cresceram e construíram memórias insubstituíveis. Catarina, protagonizada pela atriz Beatriz Batarda, vive em Lisboa com o marido Roberto e 3 filhos jovens. É jornalista e escritora e está confiante com a venda da Herdade, não vendo a necessidade de a manter tendo em conta a despesa que se está a tornar. Susana, protagonizada pela atriz Rita Cabaço, que desde pequenina passava tempo na Herdade onde a sua mãe trabalha há mais de 40 anos, durante o verão, vem ajudá-la com os trabalhos domésticos sabendo que existem planos para vender a Casa, planos esses que não contemplam o futuro da sua mãe que com esta venda, não terá onde viver. Desafios que vos esperam para os próximos tempos? Um dos grandes desafios deste projeto é o objetivo a que nos propusemos de que esta seja a primeira longa-metragem Portuguesa a obter um selo "verde" oficial, de eco-sustentabilidade em produções audiovisuais, atribuído pela Green Film estando alocadas a este projeto duas Green Consultants certificadas: a Dörte Schneider Garcia e a Diretora de Produção do projeto Andreia Nunes. Para tal, estamos a desenvolver este projeto assente em práticas sustentáveis com o objetivo de diminuir a pegada de carbono habitualmente deixada pelos vários meses de uma produção cinematográfica. É uma meta extremamente desafiante na medida em que é uma novidade, não só para a equipa que está a desenvolver o filme como para a indústria em Portugal num todo. Durante quanto tempo vão estar nesta bela terra? Neste momento já andamos por esta bela terra, vamos fazendo o nosso trabalho de preparação em viagens entre a Azambuja e Lisboa. Em Setembro e Outubro estaremos por cá a filmar e a viver. O que podem dizer aos jovens sobre seguir os seus sonhos? Sabemos que existe uma expectativa tremenda imposta aos jovens quando se inicia a conversa sobre o caminho profissional que vão escolher. Muitas vezes os medos e inseguranças interiores e a falta de possibilidade criada pelo contexto de vida de cada um constroem barreiras que impedem e matam os sonhos. É ingénuo pedir que se contrarie isso quando existem obstáculos verdadeiros, mas quando existe a oportunidade, é importante lutar por aquilo que se quer, com tudo, sem medos de errar ou de ter que começar do princípio. Algum episódio que podem contar sobre a vossa vida profissional que vos tenha marcado? Nós duas estivemos juntas a trabalhar num projeto chamado Lusitânia, deslocando-nos de Lisboa para filmar e residir em Penha Garcia e Penamacor. A filmagem foi intensa, com os desafios inerentes a qualquer produção cinematográfica portuguesa, e fomos calorosamente acolhidas e acarinhadas pela comunidade local, bem como pelas Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, que apoiaram incansavelmente a equipa do princípio ao fim, ajudando-nos a concretizar o possível e até mesmo o aparentemente impossível. Em momentos como este, percebemos e sentimos profundamente como a entreajuda é essencial.


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