“A Frescura na Mesa nasceu numa mesa de café. Criei a página com a finalidade de fazer entregas de cabazes, de frutas e legumes, por um preço fixo, e mostrei ao Sérgio, que é meu namorado e agricultor de profissão. A ideia passa por usufruir das nossas culturas e com outros produtores da zona, conseguirmos fazer cabazes recheados de produtos de qualidade, a baixo preço. Assim, apresentei a página ao Sérgio e o silêncio fez-se sentir no imediato. A pergunta que se impôs foi: achas mesmo? O investimento era reduzido. Fizemos a primeira publicação e começamos esta viagem que é a Frescura na Mesa. Os dias foram passando, os clientes também foram crescendo e fomos mantendo as entregas quer no nosso concelho, quer nos concelhos vizinhos durante um ano, fidelizando algum mercado.”
O que a levou a ser comerciante e a concretizar este projeto em Azambuja?
Surgiu a oportunidade de continuar o conceito de frutaria com loja física, na Rua do Centro de Saúde, num espaço onde já tinha existido um negócio similar embora com outras nuances. Assim decidimos arriscar e abrir portas com a certeza de que iríamos fazer e dar o nosso melhor. A decisão não poderia ter sido melhor, afinal Azambuja tem potencial para ter comércio tradicional. A concentração de lojas onde nos enquadramos, atrai pessoas e achamos que na nossa rua, “juntos somos mais fortes”.
Normalmente é nas grandes crises e nos momentos mais complexos que surgem novas oportunidades. O que é que esta pandemia trouxe ou acrescentou ao comércio?
Passaram dois anos em velocidade de cruzeiro e eis que chegou a pandemia. Aqueles dias de aflição que ninguém sabia o que iria acontecer. Fomos apanhados na curva. E agora? Agora não há volta a dar. Vamos continuar. Uma lição tirámos daqui, assim que as grandes superfícies começaram a encher, foi no pequeno comércio tradicional que as pessoas encontraram segurança. Foram semanas intensas, de acréscimo de trabalho, mas também de muitos nervos à mistura.
Conseguiram transformar os seus pontos fracos em pontos fortes?
As entregas ao domicílio foram fundamentais na vida de muitas pessoas. Aquelas que tinham medo em sair à rua e optaram por este serviço, aquelas que estavam a cumprir isolamento profilático e as que estavam a recuperar da doença, contaram sempre connosco e nós não deixámos ninguém para trás. Era impossível chegar a todos, mas sempre que não nos era possível, passávamos esse trabalho para outros colegas com comércio semelhante ao nosso. Foram momentos de angústia, mas também de reconhecimento e alegria, especialmente quando nos diziam que tínhamos salvo a essas pessoas, as próximas refeições.
Azambuja é uma terra de gente muito especial. Tem alguma história que possa partilhar?
Adoramos os nossos clientes, para além de clientes são nossos amigos e a prova disso mesmo é quando há alguma festividade há sempre um agrado, um miminho para nos ofertar dada a cumplicidade já existente.
O que podemos fazer para que nos próximos 10 anos tenhamos um concelho com mais oportunidades e com maior crescimento?
Gostamos do que fazemos e estamos bem em Azambuja. Azambuja tem potencial. Azambuja merece e acredito que a nossa população carece de mais e melhor comércio tradicional. Mas também tenho a noção que temos de trabalhar muito. Os acessos e estacionamentos são fundamentais para o sucesso das lojas. A publicidade, a interação entre comerciantes deveria ser uma das armas para atrair mais e novos clientes. Tem de haver espírito de entreajuda. A internet, as redes sociais, o incentivo ao cliente para promover as nossas lojas. São ideias que deveriam estar implementadas em todo o comércio local. Somos nascidos e criados em Azambuja, somos filhos da terra, queremos cá ficar por muitos e bons anos. Não tenho dúvidas que é possível fazer mais pelo comércio tradicional, mas venham ter connosco e conhecer as diferentes realidades. Se vai ficar tudo bem? Não já. Perdemos muito, houve até quem perdesse tudo, mas sabemos receber e oferecer. Vai melhorar mas sempre com a ajuda de todos!!
Conheça mais sobre a Frescura na Mesa em https://www.frescuranamesa.pt/
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