Esta semana fizemos uma visita ao Gym Atrium em Azambuja e conversámos com Sérgio Gomes, diretor técnico do ginásio, que esteve sempre ligado a diversas modalidades desportivas.
O Sérgio é licenciado em Condição Física e Saúde no Desporto, especializado em Treino de alta intensidade para emagrecimento e Patologias e tem ainda uma pós-graduação em Gestão de Health Clubs.
1 – Como se concretizou este projeto e o que vos faz permanecer em Azambuja?
O Gym Atrium já existe desde 2005 e, na altura e muito antes de eu vir para cá, começou como projeto de um casal apaixonado pela prática de exercício físico, o Nuno e a Luciene.
Acabaram por identificar que faltava oferta de ginásio em Azambuja.
Houve uma fase em que os ginásios sobreviviam muito da musculação, era um negócio mais familiar e até rudimentar. A verdade é que desde há uns 5, 6 anos o mundo dos ginásios e do fitness deu um salto. Começámos a formalizar mais o conceito de ginásio desde então. Houve uma mudança na forma como olhamos para o atendimento às pessoas e houve também uma mudança de oferta de serviço. Deixou de ser apenas aquele ginásio familiar, que obviamente queremos que continue, mas também apostámos mais na oferta de serviços, em mais qualidade, enfim, houve uma maior oferta no geral.
2- Quanto a essa variedade de oferta e melhoria de serviços, em que se baseiam para serem bem sucedidos e para que as pessoas continuem a vir treinar?
Acima de tudo, apostamos e investimos na parte do conhecimento. O fitness no geral está com muita falta de conhecimento e, portanto, cada vez mais, queremos basear a nossa prescrição de treino em ciência.
Investimos muito na nossa formação e na dos nossos instrutores e isso é realmente um elemento diferenciador. Oferecemos a parte da cardiofitness e musculação e o nosso conceito de aulas de grupo.
Temos também o serviço de nutrição e o treino personalizado.
Neste momento, as aulas de grupo ainda estão a ser dadas na Poisada do Campino, devido à Covid -19. Este local foi a melhor opção que tivemos. Optámos por esta parceria pois precisávamos de ganhar espaço.
Muita gente ainda tem aquele receio de estar em espaços fechados a treinar, então a Poisada do Campino foi a solução perfeita, uma vez que tem mais espaço e tem o ar livre. Sobretudo na Primavera / Verão é muito agradável estar naquele espaço porque acaba por nos conectar com o ar livre e com a natureza. No Inverno há sempre a parte interior da Poisada.
Outra forma de fazermos com que as pessoas venham treinar é levarmos o ginásio até elas.
Já antes da pandemia, tínhamos dois eventos anuais em que fazíamos open days, eram dois dias por ano em que levávamos o ginásio para a rua. Abríamos a oportunidade de praticar exercício físico a quem era do ginásio e a quem não era.
O objetivo era que qualquer pessoa visse ou experimentasse o que são as aulas do ginásio, portanto levávamos as bicicletas, tínhamos aulas de spinning, pilates, body pump, etc. Fazíamos um dia com avaliações, consultas de nutrição, de modo a que quem quisesse pudesse experimentar.
Temos planos para o voltarmos a fazer assim que possível.
3 - Normalmente é nas grandes crises e consequentemente nos momentos mais complexos que surgem também novas oportunidades. Esta pandemia o que é que trouxe ou o que é que acrescentou de positivo ao ginásio?
No nosso país, numa situação normal, há apenas cerca de 5 a 6% de população a praticar exercício em ginásios. A pandemia veio baixar para 4.8%.
Na pandemia tivemos fases e notou-se que o público foi acompanhando essas fases. As pessoas começaram a olhar para o exercício como uma questão de saúde, não apenas para fins de emagrecimento ou para conseguirem um corpo de verão.
Com aquele primeiro grande confinamento, revelaram-se as dores articulares, dores de cabeça, aumento de peso, tudo o que advém do sedentarismo. Além das questões psicológicas, claro.
Por outro lado, e juntamente com isto, veio o desconforto de estarem em espaços fechados, daí ter baixado.
No entanto, acabou por ser bastante positivo. Foi toda uma nova experiência, uma aprendizagem e, acima de tudo, uma reinvenção!
Quando estivemos fechados, tivemos mesmo que nos reinventar. Do presencial, passámos ao online. Gravámos aulas, demos aulas ao vivo e treinos online, fazíamos vídeos curtos para as pessoas treinarem em casa, com garrafões, cadeiras, o que fosse. E isso continua, mesmo após a abertura, continuamos a ter essa opção, felizmente.
As pessoas quando estão de férias ou a trabalhar de casa, também gostam de se sentir bem e gostam de continuar a treinar. Neste momento, o ginásio já se pode levar para qualquer lado!
Foi um dos pontos muito positivos da pandemia.
O online não substitui o presencial, mas ambos se podem complementar porque as pessoas em isolamento não param, continuam de outra forma.
4 – A que nível é que acha que a interrupção na atividade física no geral, nas competições e nas modalidades coletivas possa ter causado no desenvolvimento neurofisiológico dos jovens? Sentiu que houve maior ansiedade e exaustão nas camadas mais jovens? Sentimos isso um bocadinho, sim. Alguma ansiedade por parte dos jovens, estando muito tempo fechados e com toda aquela nova situação. Quando voltavam ao ginásio, tinham uma postura mais fechada e algum receio de estarem expostos. Houve algumas inseguranças face ao aumento de peso, por exemplo. Felizmente, temos à-vontade para que eles nos confidenciem esse tipo de inseguranças. A falta de treinos das modalidades competitivas fez com que os jovens procurassem aqui um escape, em busca de uma atividade física. Umas vezes, por incentivo dos pais, outras vezes, por eles próprios. 5 – O que pode o ginásio fazer mais pelo Concelho de Azambuja e, em contrapartida, como é que o Concelho vos pode ajudar a dinamizar e a sensibilizar a comunidade para a prática desportiva? Enquanto entidade privada, pretendemos aliar-nos a entidades públicas. Nós temos como objetivo tornar o exercício acessível a todos e quebrar o tabu de que para vir ao ginásio ou praticar exercício físico é preciso haver um grande investimento. A mensagem que queremos passar para a comunidade de Azambuja é que o exercício físico pode ser acessível a todos, adaptando obviamente às capacidades e objetivos de cada um. Tem havido algumas atividades promovidas juntamente com a Câmara e estamos também em conversações com a Junta de Freguesia para fazermos um evento de spinning ao ar livre, agora na Primavera. No final de Fevereiro / Março vamos também ter um workshop gratuito sobre alimentação sustentável, aberto a toda a comunidade. Estamos a trabalhar no desenvolvimento de protocolos com entidades locais, nomeadamente com os Bombeiros Voluntários. Tal como referi, o objetivo é chegar mais longe, juntamente com as entidades públicas e tornar o exercício mais acessível. Estamos todos a trabalhar para o bem comum do concelho de Azambuja - ter mais saúde. Não vamos parar, temos de trabalhar juntos. Acima de tudo, temos de levar isto como uma prevenção e não como uma competição, para mais tarde não estarmos a remediar ou a gastar dinheiro em médicos e em medicamentos. Envelhecer é normal, perder qualidade de vida com 60 anos e gastar a reforma numa farmácia, não é normal. Não podemos normalizar essa ideia, temos de alterar esse mindset. Como eu costumo dizer, vamos tentar morrer jovens o mais tarde possível! Mais sobre o GYM ATRIUM em www.gym-atrium.com
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